Sunday, January 10, 2010

Um dia desses tava lendo na folha a reportagem sobre aquele militar californiano, de origem coriana, que servia ao exército dos Estados Unidos e assumiu ser homossexual. A matéria sobre o processo todo do Moço é super-interessante (embora tenha sido publicada na folha, hehehe) não vou transcrevê-la, deixo o link para a leitura na íntegra. O ponto que vou alinhavar é a conclusão que o Próprio chegou quando estava na guerra do Iraque, literalmente entre a vida e a  morte, experienciando essa temporariedade que a maioria de nós ignora sobre a vida. Percebeu que talvez você melhor morrer ali de tanta tristeza por não poder ser ele mesmo. Ou, mudando o ângulo, o quão triste ele seria se tivesse que morrer sem poder viver sendo ele mesmo. 
Eu tenho um grande amigo da época da faculdade, daqueles de estudar junto, fazer parte do mesmo grupo de amigos do fim de semana, etc, que descobriu ter câncer por volta de 2008. Conversamos no início e depois perdemos contato. Na época ele estava bem otimista. Eis que há um tempo atrás vinha sentindo uma certa urgência em falar com ele mas não o encontrava mais ‘ on-line’. Foi aí que descobri que ele havia partido e que não falaria mais com ele. Fiquei muito triste por ter perdido de participar dessa fase com ele. Por um bom tempo, essa vida que vivemos (ou ao menos que vivo) ficou me parecendo ainda mais fútil. Como se a maioria de nós dormisse e acordasse e vivesse o dia todo, todos os dias pelas causas erradas. O meu amigo era um cara muito bom, animado, verdadeiro, tenho certeza que a vida dele fazia sentido e que ajudava outros a perceber o mesmo. Tenho certeza que essa fase deve ter sido muito rica para ele e para quem estava com ele.
É tão difícil hoje em dia alguém que levante da cama empolgado com o dia que está pra vir, animado com suas atribuições. A maioria de nós pensa em todas as coisas chatas que teremos que fazer, a maioria das vezes sem saber muito o verdadeiro porque. Já acorda pensando na hora de dormir novamente.
Um dia desses em algum consultório médico vi na TV uma entrevista com aquela atriz global, a Drica Moraes, que também passou por algo semelhante e está super-otimista. Ela (ou na matéria, não lembro bem) disse que quando as pessoas sobrevivem a essas adversidades, a qualidade de vida tende a melhorar muito. Não mencionou o porquê, mas é meio óbvio. Ao menos para mim. Na hora que tomamos a real consciência que a vida pode se acabar de uma hora para outra, meio que percebemos o que realmente tem valor e quais são nossas verdadeiras motivações. A maioria de nós teria a coragem, a partir daí para empreender as mudanças necessárias.  No entanto, a maioria de nós não é capaz de perceber isso (ou de ter coragem de mudar isso) sem ter estado nessa situação de quase morte, sem ter sobrevivido a uma doença que normalmente é fatal ou algo semelhante. A maioria de nós não só não sabe quem é como não se preocupa com isso. Na verdade, somos treinados para nem pensarmos nisso, abafar essa pergunta recorrente toda vez que pensa em aparecer.
Engraçado, não é? Que a maioria de nós precise de algo tão sério pra perceber quanto tempo desperdiçamos com coisas alheias a nossa vontade, tentando ser quem não somos pra agradar ou nos enquadrarmos em algum tipo de grupo ou de reputação, seguindo um grupo de valores que não sabemos bem de onde vieram mas sabemos/sentimos bem que não nos trazem muito mais do que ansiedade e angustia. Triste que conheçamos tão pouca gente realizada, feliz consigo mesma e com sua vida, que consiga viver seus sonhos e saiba porque está aqui. A questão não é se lementar mas sim, como descobrir quem somos e adquirir coragem para Sermos? O meu amigo sabia... E a maioria de nós pode descobrir.. O primeiro passo é querer!!



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