Friday, October 26, 2012

De Sankhu a Nagarkot (Nepal)

Uma das melhores vistas do Himalaia próxima a Kathmandu, bem na borda entre o vale e as montanhas, visível da sua cama no hotel… Era (ou algo parecido) o que o sumário da descrição do guia de viagens dizia sobre Nagarkot, destino escolhido para nosso trekking iniciando na vila de Sankhu,  no Nepal, onde nos hospedávamos.
Deparando-me com o anuncio abaixo assim que lá chegamos, não pude deixar de associá-lo a descrição do guia e imaginei-me numa cama com vista para o fim do universo.

Embora a idéia de ver as montanhas da cama pareça apetitosa (até porque é preciso paciência com essa estória de montanhas e nuvens, etc), de fim do universo Nagarkot pouco tem.. Pode ser um pouco remota, mas a verdade é que comparando com outros lugares do Nepal, é até bem localizada e inclusive, existem alguns modos diferentes de lá chegar. Além de uma estrada relativamente boa, existem algumas trilhas partindo de lugares diferentes e tambem algumas agências de Kathmandu oferecem tours de bicicleta pela região. Por exemplo,  de Dulikhel,  um outro lugar perto de Kathmandu de onde se pode ver o Himalaia até Nagarkot são cerca de 20 Km de caminhada, e para nós que partimos de Sankhu, eram cerca de 12 Km.
Nossa idéia era voltar de ônibus, porém, como não sabíamos se havia essa opção já nos preparamos para caminhar de volta caso necessário fosse. Partimos bem cedo, quase no nascer do sol. Assim, contemplamos os primeiros raios de sol na vila de Sankhu, em algumas plantações de arroz e tambem acompanhamos o despertar e as atividades matinais de uns pares de famílias.. 


 

Como era feriado, crianças brincavam e-ou ajudavam suas famílias.  Até fiquei com vontade de entrar na fila para esse balanço (abaixo), parecia divertidíssimo a julgar pelas gargalhadas.  




De vez em quando aparecia um balanço desses no caminho,  as vezes até mais altos, então, tive algumas oportunidades de tentar mas fiquei tímida.. Caminhar pelo interior do Nepal é muito especial, tudo é muito particular, as vezes temos (ou tenho) a sensaçao de estar num outro tempo.  Como nessa simpática ´venda´ (abaixo) onde paramos para uma tentativa de café da manhã que me remetia diretamente a infância, não somente pela aparência física mas pelo ar familiar e cheiro de passado (não tão distante). Por ser um lugar tão diferente do que estamos acostumados, tendemos a prestar mais atenção nos detalhes, a estar mais presentes no momento… 

Jana, Adam e Yasmin
 


Depois do café, ou melhor um breve chá, seguimos por uma estrada no meio de uma florestinha, vimos alguns pássaros interessantes e Logo estávamos em Nagarkot. Na entrada da cidade tivemos as melhores vistas das montanhas, e pudemos até ver (ou não) o Everest, ou ´alguns everestes´. Segundo o guia esse nada mais era que um ponto no horizonte, e não tínhamos realmente como identificá-lo (o que sinceramente, não fez muita diferença)
Florestinha

Chegando
Melhor Vista do Dia


Vista do café, um mar de montanhas...
Então paramos para um verdadeiro café da manhã num desses hoteis com vista.. Café, omelete, banana pra mim, + torradas pra galera.. E por aí nos demoramos um pouco a ouvir as estórias do nosso colega inglês sobre sua cobra de estimação, e como mantê-la sem que o locador e os vizinhos soubessem de sua existência… Cheios de energia, com a pança cheia como uma cobra de estimação que acabara de comer 2 ratinhos congelados depois de 1 ou 2 semanas digerindo seus últimos "sorvetinhos", perambulamos um pouco pela vila e resolvemos dar uma esticadinha até o mirante, a cerca de 1 h de onde estávamos.  Lá em cima, as montanhas estavam encobertas, só vimos nuvens.. A diversão foi interagir com turistas nepaleses e subir na torre cuja escada começava no primeiro terço. A galera bancava o macaco, pulava, se dava pézinho, subia no ombro um do outro e qualquer outra forma (embaraçosa ou não) que lhes permitisse atingir o objetivo   (alcançar a escada) e depois subia normalmente (estilo bombeiro) de um em um. Talvez em muitos países (não vou citar nomes) um mirante desses fosse considerado bem perigoso, mas para os tarzans e Janes que existem em nós foi interessante, embora um tanto exclusivo. Claro que demos boas risadas filosofando sobre como a escada acabou começando onde começa.

Lojinha em Nagarkot




O Mirante e o Mistério da Escada





Não demoramos muito por lá, voltamos para a vila para procurar um ônibus, a parte mais divertida  do passeio.  Descobrimos com algum uso de nepales e muito de mímica que o ônibus não ia até nosso destino final mas nos deixaria em algum lugar no caminho. Nesse momento, o povo começou a subir na parte de cima, do lado de fora do ônibus. Três de nós empolgadíssimos com a idéia seguimos o fluxo e embora uma de nós (não vou citar  nomes, hehehe) tenha dito não, todos subimos.  E então descemos uma estrada de asfalto, cheia de curvas, no meio da floresta no fim da tarde numa super-vibe pra 3 de nós e meia-vibe para uma quarta de nós que em algum ponto relaxou e curtiu o passeio. E antes que perguntem, não, não era perigoso, a velocidade era super-baixa, e todos estavam tão tranquilos que foi super-sossegado.. 
Adam e Yasmin
Jana, eu e a galera


O ônibus vizinho, um pouco mais lotado que o nosso (mas a idéia é a mesma)

Como prometido, em algum ponto do caminho o ônibus parou e nos disseram para descer, meio no meio do nada, numa vila ainda menor que Sankhu. Tentamos negociar o preço da passagem e depois percebemos ainda ter pagado 3 vezes mais que o valor que os locais pagavam, embora ainda apenas centavos. Ficamos chateados, pois nesses casos o que conta não é o valor em si mas o fato de ter ferido nossa vontade de sermos tratados como locais. Enfim, a vida seguia…
O desafio agora era encontrar o caminho para Sankhu, até que alguem nos apontou o caminho: uma trilha super-estreita numa pirambeira bem inclinada que certamente não teriamos encontrados por nós mesmos.. Na descida nos deparamos com um pessoal super-arrumado subindo para a vila para algum tipo de evento que depois descobrimos ser um casamento. Imagine subir aquela trilha de salto-alto e saia e ainda sem poder desarrumar os cabelos.. Nessa hora já não parecia tão interessante ser tratada como local e a chateação pela passagem super-faturada passou.
Uma vez terminada a morreba, o caminho era plano, diferente do que tínhamos pegado pela manhã e literalmente no meio dos campos de arroz. Depois de uns 3 ou 4 Km estávamos novamente em Sankhu, ainda antes do por do sol e paramos na vendinha para um refri com chocolate. Uma beleza já que os preços eram fixos..

Fim da tarde próximo a Sankhu

Na entrada da Cidade
A caminho da venda
Oba, Preço Fixo!


Logo nos despedimos do Adam que ficava em Sankhu mesmo e as três de nós seguimos para o PA Nepal ( mais uns 20 min de caminhada) onde um Himalaia de arroz com lentilhas e crianças muito alegres nos esperavam :) 

Ponto de partida e destino

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