Friday, February 25, 2011

MoMA

Pretendia ir ao Museu de Arte Moderna de NYC (MoMA) no feriado do natal. Mas com aquela neve toda, não deu lá muito certo. Já nesse fim de semana a estória foi outra. Acertamos na mosca. O acervo do museu é muito bom e ainda por cima havia uma mostra especial dos filmes da série Motion Pictures, feita pelo Andy Warhol (1928-1987), um artista americano do século XX  muito famoso.  A Pinacoteca de São Paulo exibiu umas obras dele por volta de março do ano passado. Não pude ir e confesso que não sabia que ele fazia filmes. Associava-o aos retratos super-coloridos da Marilyn Monroe além daquela série de pinturas dos diferentes sabores de sopa Campbell.
Bem, esperava por algo tipo assim, um filme. Na verdade eram filmes... Preto e branco e silenciosos, parte de um estudo sobre retratos. Basicamente, Andy convidava o escolhido (amigos, atores, autores, etc) a ir ao seu estúdio, deixava-o a sós com a câmera de filmagem já focada e pedia que não se mexesse ou falasse (posteriormente havia mais flexibilidade).  De acordo com o artista isso de certa forma exaltava a vulnerabilidade dos modelos (e em vários casos exaltava mesmo). Isso era a introdução que estava escrita na apresentação.
Entramos. Eram três salas. Uma pequena logo na entrada, contendo três trabalhos em telão, sendo um deles um cara dormindo. Um salão maior com várias TVs tela-plana, grandes e finas que passavam claramente a idéia de molduras. Estas exibiam modelos variados. E uma terceira sala, escura, com telão de cinema mostrando o filme O Beijo de 1963. Havia cadeiras para o público e o filme era basicamente um casal se beijando (ocupação quase total dos assentos).
O que eu mais gostei foi algo muito simples. Ficar no meio da sala maior observando as várias molduras de TV de tela plana. A sensação era muito interessante pois a impressão era realmente de estar diante de  retratos iguais aos de qualquer museu, só que com vida (embora talvez não perceptível na primeira olhada). O Andy filmou na velocidade normal porém pediu que fossem exibidos como os filmes silenciosos da época, ou seja, mais lentos. Embora houvesse pouca liberdade, cada modelo agia de forma diferente, uns piscavam mais que outros, estavam mais ou menos confortáveis com a situação, um cantava ou mexia a boca, outra fazia gestos e brincava com a câmera, quase tudo muito sutil.
A reação do público era muito legal, descontraída, não tinha quem não se divertisse perante tanto retrato em movimento junto. Acho que trazia um pouco aquela fantasia de filme mal assombrado onde o olho do cara do quadro parece seguir as pessoas.. Aparentemente, todos se surpreendiam positivamente, principalmente eu. Não sei se o Andy pensou nessa forma de exibição quando fez esses estudos, apresentá-los desse modo foi realmente uma grande sacada...

The more you look at the same exact thing, the more the meaning goes away, and the better and emptier you feel. Andy Warhol

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