Wednesday, September 22, 2010

A Mulher do Pau


Era uma quinta-feira, exatamente depois da quarta-feira de cinzas no Brasil. Três mulheres, que literalmente poderiam estar em uma balada em qualquer lugar do mundo. Lá estavam. Nos confins da Costa Rica. Num 4X4 (carinhosamente apelidado por elas de Todão), chacoalhando moooitoooo. Recém anoiteceu e a única coisa que sabiam é onde queriam chegar. Na Bahia de Drake, um dos portais para o Parque Nacional do Corcovado, patrimônio mundial da humanidade.

Bem, saber onde queriam chegar já era alguma coisa, uma boa coisa. No entanto, o objetivo não se mostrava muito fácil de ser atingido. Sarah, a moça que morava dentro do GPS que veio com o Todão, surtara.. “Recalculando, recalculando, recalculando, recalculava a cada 15 seg. Pra mudar um pouco a conversa ela dizia de vez em quando, Comunicação com satélites perdida! E quando voltava, recalculava. Nada de sair dela uma boa direção. Isso quando não mandava um “Faça Retorno”, “ em o quanto antes, faça retorno”, tipo, parem e voltem, suas loucas... As moças tiveram que desligá-la, coitada! Prestara um excelente serviço durante o dia mas não servia mais naquelas condições, era preciso manter a calma e a serenidade. Uma das 3 (adivinhem qual), questionou, o que estamos mesmo fazendo aqui, cadê os gatinhooossss? E logo o barulho dos macacos a chamou de volta, estavam em busca de um contato com a natureza mais preservada, um retorno as origens, uma reconexão, energia pura, visão além do alcance, experiência verdadeira.. Enfim, como dizem, se o bom humor ainda existe é porque a coisa não está tão feia (ainda!). Foi quando chegaram numa bifurcação, ou seria uma trifurcação? Pararam o Todão, sacaram a lanterna de cabeça, olharam todas as possibilidades... Um rio e uma estradinha na sequência, uma estradinha que parecia ir para o meio do mato, voltar. A loira cantava repetidamente... “Se é que o mundo tem cu, o cu do mundo é aqui”.
Aquele caminho não parecia ir a lugar algum. Pararam e pensaram. Uma loira, uma ruiva e uma morena, pensando. Coisa linda. Foi quando do nada e não mais que de repente, surgiu ela. A salvadora... Não fossem os registros fotográficos, até hoje não seria possível saber se o fato realmente aconteceu ou se foi uma dessas alucinações em grupo depois de muito chacoalhar os miolos numa estrada mais que esburacada. A MULHER DO PAU! Ela apareceu para salvar as moças. Nada de Príncipe no Cavalo Branco dessa vez. Uma moça meio ruiva, cabeluda, de estatura baixa, combinantemente vestida, com um pau na mão. Um pau bem bonito que parecia um chifre de veado, daqueles de filme americano, tipo os do Bambi. Levantou um pouco a bermuda e se enfiou rio adentro. Foi calmamente caminhando, medindo a profundidade, se apoiando no seu elegante pau. A Mulher do Pau, tão iluminada, com a cia dos vagalumes, apareceu e mostrou o caminho para as moças seguirem viagem.. Como a água não chegara na cintura da mulher do pau, o Todão deveria aguentar o tranco, e realmente aguentou. Engataram a primeira e rapidamente, chegaram na outra margem. A mulher do pau já não estava, sumira na escuridão dos confins da Costa Rica. Talvez tenha salvado muitos outros viajantes (se é que muita gente vai para esse tipo de lugar). Não sei.
Só sei que as moças chegaram a Baia de Drake e curtiram muito a praia de Sirena no parque do Corcovado, onde chegaram após 1,5h de barco que partiu as 5:30hs da manhã do dia seguinte. Foi realmente uma reconexão, onde adquiriram muita energia. Além é claro de adquirir várias estrelinhas para suas carteirinhas da Funai, modalidade: Programa de Índio. (Já bastante carimbada anteriormente). Enfim, enquanto há bom humor, natureza preservada e história para se contar tá valendo!! Viva a Mulher do Pau!





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